Livro | Amar se aprende amando

Poesia de convívio e de humor

É o primeiro livro de poesias que leio. Ele já estava aqui em casa faz um tempão e nunca havia me despertado a curiosidade. Eu tinha um certo preconceito, admito, mas mudei de ideia. Acho que fiquei mais sensível, sei lá. Eu achava bobagem ler um livro com o título de "Amar se aprende amando", mas ano passado li tantos poemas avulsos e vi na internet uma comoção tão grande pelo aniversário de 110 anos de Carlos Drummond de Andrade que despertei o interesse por este livro.

Não é tão meloso quanto achei que fosse. É bonito. A poesia é encantadora.

Estou aqui com uma edição de 1996, com 178 páginas e que no final ainda tem uma linha do tempo contando a vida e obra do autor. O livro é dividido em três partes:
A primeira, Carta de guia (?) de amantes, soa como várias declarações de amor, ou como a descoberta do amor de várias maneiras: o amor antigo que nada quer em troca, a amizade que se transforma em algo mais, o amor não correspondido e por aí vai. Terminando com A lamentável história dos namorados, que é de um humor bastante sutil e diverge um pouco dos outros poemas mesclando assuntos políticos com o tema principal dessa primeira parte.

O MUNDO É GRANDE

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

A segunda parte se chama O convívio ideal e trata sobre amizade. Aqui Drummond dedica poemas a seus amigos e a leitura fica ainda mais rica quando procura-se saber quem são essas pessoas. Artistas.
Gostei do O que Alécio vê e achei ainda mais legal quando pesquisei sobre Alécio Andrade e vi suas fotografias. Incrível. Tem ainda homenagens a Antônio Candido, Alphonsus Guimaraens, Helena Antipoff, e alguns outros que descobri junto com Drummond. Entre as favoritas dessa parte também está Sequestro de Guilhermino César, que como outros poemas traz um ar nostálgico e também Eu quisera ver o mundo. Adoro a forma com ele soube descrever a arte dessas pessoas notáveis. Me sinto invadindo os sentimentos deste poeta, provando um pouco da sua dor, da saudade de seus amigos.

Alegrias e penas por aí é a terceira parte e trata de vários assuntos. Desde a beleza da chegada da primavera em Rio em Flor de Janeiro, até os acontecimento históricos de maio de 1968 (Relatório de Maio). Temos a visão de Drummond a cerca de vários eventos ocorridos e com a data em que foi escrito o poema, para que possamos nos situar. Nessa parte também se evidencia ainda mais o bom humor do poeta com uma pitada de insatisfação com a situação da sociedade.

Não imaginava que fosse gostar tanto desse livro.

Comentários

  1. Morro de vontade de ler um livro de poesias assim! Principalmente se for do Drummond. Aliás, tenho uma coletânea assim dele aqui na estante, mas ainda não li...
    Gosto de poesias, mas leio bem devagarinho pra poder sentir tudo o que o autor tiver pra nos passar, então acredito que quando for ler, demorarei uma eternidade! Hahahaha
    Gostei dos seus comentários! Bateu aquela vontade de procurar poesias dele pela internet! :D

    Beijinhos!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Dispa-se ou vista-se. Como preferir.

Postagens mais visitadas deste blog

Livro | Os sete maridos de Evelyn Hugo (Taylor Jenkins Reid)

Livro | Almas Fartas - Matheus Tévez e Ruan Passos

Alien azul